Reuso de água municipal e industrial

Em todo o mundo, as pessoas estão enfrentando uma pressão cada vez maior para minimizar seu impacto ambiental em meio às mudanças climáticas. As ações tomadas geralmente são identificadas como redução das emissões e da poluição do ar; no entanto, é igualmente importante proteger os recursos hídricos.

A água é essencial para a vida humana, animal e vegetal. À medida que a população mundial continua a crescer, as preocupações com a escassez de água também aumentam. Está se tornando cada vez mais importante fazer investimentos em soluções para fontes de água seguras, ecossistemas saudáveis e uma produção contínua e sustentável de água.

O reuso da água surgiu nas últimas décadas como um componente essencial para lidar com os problemas descritos acima. Ele já foi uma prática isolada, mas, impulsionado por uma tecnologia de tratamento avançada e cada vez mais eficaz, está se tornando rotina, especialmente em regiões metropolitanas densamente povoadas com chuvas e disponibilidade de água superficial limitadas. Isso está transformando as práticas de gestão da água, fornecendo caminhos sustentáveis para preservar os ecossistemas naturais, complementar o abastecimento de água municipal local e aumentar a eficiência nas indústrias.

Junto com a necessidade ambiental de proteger os recursos hídricos superficiais e subterrâneos, o argumento comercial para a reutilização da água está se tornando mais convincente. Em muitos locais, os métodos tradicionais de abastecimento de água - como a retirada de água de rios, lagos ou aquíferos - agora têm custos mais altos devido a regulamentações mais rígidas e à concorrência de outros consumidores. Com os recentes avanços em termos de acessibilidade e eficácia, o tratamento e o reuso da água podem ser uma alternativa financeiramente atraente em alguns casos.

Essa prática permite que os usuários tanto de municípios quanto da indústria reduzam sua dependência da água comprada de fontes externas, oferecendo proteção contra futuras flutuações de preços. Além disso, a adoção de práticas de reuso da água pode melhorar a imagem da marca de um distrito ou empresa, atraindo partes interessadas com consciência ambiental.

Além dos diversos impactos fiscais, essas atividades têm benefícios ambientais positivos, já que muitos ecossistemas de água doce estão sob imenso estresse devido à extração excessiva e à poluição.

O reuso da água reduz essas e outras pressões ao diminuir a necessidade de desvio de água doce de ecossistemas sensíveis. Em vez disso, ao tratar as águas residuais para reuso, os fabricantes ajudam a mitigar os impactos negativos da extração excessiva, que incluem a degradação do habitat e a redução da biodiversidade.

Ademais, o tratamento e a reutilização de águas residuais minimizam a descarga de efluentes industriais no meio ambiente, protegendo os ecossistemas aquáticos. À medida que o aumento das temperaturas intensifica os problemas de escassez de água, especialmente em regiões áridas, o reuso da água oferece uma fonte de água confiável e resistente à seca.

O reuso da água pode assumir uma infinidade de abordagens diversas, cada uma com níveis variados de tratamento e adequação para diferentes aplicações. O reuso da água de processo envolve o tratamento e a reutilização da água dentro dos processos industriais. Por exemplo, a água usada para enxágue ou resfriamento na manufatura pode ser tratada e reutilizada várias vezes, minimizando o consumo de água doce e o descarte de águas residuais.

O tratamento de fluxos de águas residuais impuros para reutilização exige técnicas sofisticadas e avançadas de tratamento de água, como osmose reversa, ultrafiltração, tratamento ultravioleta ou oxidação avançada para remover uma ampla variedade de contaminantes. Recursos tecnológicos modernos permitem a produção de água de alta qualidade, adequada para muitos processos industriais exigentes e até mesmo para reuso potável em locais aprovados.

Em um fluxo típico de processo de tratamento avançado, o tratamento preliminar emprega mecanismos físicos, como peneiramento e sedimentação, para remover detritos grandes e sólidos suspensos. O tratamento secundário geralmente se concentra na descontaminação biológica, utilizando microrganismos para decompor a matéria orgânica e remover nutrientes, como nitrogênio e fósforo.

Nos estágios finais, processos avançados de tratamento são usados para remover contaminantes que permanecem após o tratamento anterior. Essas técnicas incluem:

• Processos avançados de oxidação, que utilizam agentes (como ozônio e luz ultravioleta) para decompor poluentes orgânicos persistentes e desinfetar águas residuais.
• Filtração por areia, carvão ativado granular ou filtros de membrana para remover sólidos suspensos menores, matéria orgânica, vírus, bactérias e microrganismos.
• Osmose reversa, um processo com membrana controlado por pressão, para retirar uma ampla variedade de sais dissolvidos, minerais e outras impurezas.

Os benefícios da reciclagem de água industrial vão além dos limites das instalações, oferecendo oportunidades para criar ou aprimorar ecossistemas valiosos. As águas residuais tratadas podem ser usadas para complementar sistemas alagados construídos , que são ecossistemas projetados que fornecem habitats para a vida selvagem, filtram poluentes e oferecem oportunidades de lazer.

Por exemplo, o descarte de água industrial tratada em áreas danificadas de córregos ou margens de rios pode ajudar a restaurar ecossistemas críticos com o aumento da vazão e a melhoria da qualidade da água para revitalizar a vegetação, estimulando a biodiversidade e aprimorando a integridade ecológica das áreas circundantes. Além disso, o reabastecimento de aquíferos de águas subterrâneas com águas residuais tratadas é uma estratégia valiosa para reabastecer fontes esgotadas e aumentar a segurança hídrica, especialmente em regiões com deficiência hídrica.

Além dos benefícios ecológicos, a reciclagem de água industrial auxilia os municípios na gestão responsável de águas residuais. Ao tratar e reutilizar as águas residuais no local, os fabricantes reduzem a pressão sobre estações regionais de tratamento de águas residuais ao abrir espaço em sua capacidade. Essa abordagem descentralizada da gestão de águas residuais pode ser particularmente benéfica em áreas onde a infraestrutura centralizada é limitada ou enfrenta restrições de capacidade.

O monitoramento regular e tecnologias avançadas de tratamento estão sendo implementados para remover contaminantes e garantir a segurança da água reciclada para suas aplicações designadas. Embora o reuso não potável para fins como irrigação e processos industriais tenha se tornado comum em regiões com deficiência hídrica há muitos anos, o conceito de reuso potável, em que as águas residuais tratadas são purificadas de acordo com as normas para água potável, está ganhando força.

A água para reúso potável indireto (RPI) é despejada em reservatórios intermediários (como aquíferos de águas subterrâneas ou reservatórios de águas superficiais) antes de ser coletada para fins de água potável, enquanto a água tratada para reuso potável direto (RPD) é introduzida diretamente nas linhas de abastecimento potável.

Embora a RPD ainda não seja permitida em muitos locais, avanços tecnológicos consideráveis estão impulsionando o progresso das permissões para os sistemas de RPI e RPD.

Estimulado pelos recentes avanços na tecnologia de tratamento de água, o reuso da água está ganhando um preço cada vez mais competitivo em grande escala, estimulando a adoção por parte de usuários tanto municipais quanto industriais.

O reuso da água é um investimento tanto no presente quanto no futuro, pois fortalece a resiliência das operações, conserva os recursos de água doce, protege ecossistemas frágeis e promove a produção sustentável de água para as próximas gerações.